domingo, 27 de fevereiro de 2011

Netbook ou Smartphone?


Os dois têm propostas bem semelhantes - mas estão longe de serem iguais. Ambos facilitam a vida de quem precisa de mobilidade e internet a qualquer hora. Mas, enquanto um turbina a navegação e a digitação, o outro congrega múltiplas funções, fazendo as vezes de canivete suíço, que ainda por cima "serve para falar". São essas semelhanças "funcionais" que fazem muita gente ficar em dúvida entre um e outro.


Então, vamos por partes. Que fique claro: netbooks e smartphones apresentam deficiências. Os primeiros têm performance inferior à dos notebooks, tela menor (entre 7 e 10 polegadas), teclado também, relativamente pouca memória, nem trazem leitor de CD e DVD (embora aceitem conexão de dispositivos externos de memória). Apesar das deficiências, eles são perfeitos para tarefas mais simples, como digitar textos, mandar email e navegar na internet.


Os smartphones são os preferidos dos usuários mais sofisticados que buscam a integração de múltiplas funções num só aparelho. Os mais modernos trazem GPS - que os netbooks não têm - para localização pessoal e criação de rotas, acesso à internet via redes 3G ou Wi-Fi e muitos têm tela sensível ao toque. Outros incorporam função de TV digital, trazem lojas de donwnload de aplicativos, MP3 player e câmera de qualidade, além de conectividade com outros aparelhos via Bluetooth.



A desvantagem principal dos telefones inteligentes? O preço. Alguns custam mais de R$ 2 mil e, para comprá-los mais em conta, os usuários acabam assinando planos longos com operadoras que subsidiam os valores. Só para se ter uma ideia, um modelo como o Nokia N95 8Gb pode sair por R$ 2 mil nos planos pré-pagos ou desbloqueado. Mas para levar um Positivo Mobo para casa, paga-se R$ 800. Isso sem falar na dificuldade que é digitar textos neles...


Segundo Sandra Chen, gerente de produtos de notebooks da Dell, empresa que tem apostado alto no segmento - a ponto de lançar modelos como o Inspirion Mini 9, que usa chip Intel Atom e pesa apenas um quilo - o netbook é voltado para quem já tem um notebook e deseja mais mobilidade.


- Eles são do tamanho de um caderno, cabem na bolsa e são muito confortáveis - diz a executiva.


Cabe à Asus o título de pioneira nesse mercadão. Foi em 2007 que a empresa - tendo como base o One Laptop Per Child (OLPC), modelo de notebook popular criado por Nicholas Negroponte, do MIT - lançou o sucesso EEE PC. O nome resumia: "Easy to learn, Easy to work, Easy to play" (daí os três "Es"). A Asus apostou, colheu os louros e serviu de modelo para outros fabricantes, que correram atrás de modelos que trazem como principal diferencial os preços sedutores.


De acordo com Marcel Campos, gerente de marketing da Asus, a empresa apostou na ideia, mas com a proposta de incluir algo mais, buscando um formato para o consumidor final. De lá para cá, o sucesso foi maior do que a Asus - e o mercado - esperavam.


Ao contrário do que muitos pensam, os netbooks não foram criados para atender apenas a consumidores de renda inferior. Diz Marcel que a Asus tem um portfólio que atende a segmentos variados - o de negócios, o fashion e, claro, o de produtos voltados para quem ainda não tem PC ou notebook e busca uma alternativa mais em conta.


Sobre a comparação com smartphones, Marcel diz que o netbook tem finalidades diferentes:


- O smartphone é uma ajuda a mais, um companheiro que está com você o tempo todo, na mão. Mas o netbook é um companheiro de trabalho, que ainda traz acesso à internet Wi-Fi ou 3G. Além disso, é mais discreto que o notebook, cabe na bolsa ou num envelope - diz.


Com a crise econômica mundial, os netbooks tornaram-se uma saída para aqueles consumidores que não podem comprar um notebook - muito menos um smartphone, que chega a sair mais caro que este - mas desejam se conectar à internet.


- Acreditamos que existe espaço para todos. Não acredito que um rouba o mercado do outro, porque há diferenças de perfil de uso e de gosto - diz Fernando Soares, gerente de portfólio da Nokia.


Pelo que mostram os números, a "onda" netbook está longe de ser passageira. Em 2007, 200 mil unidades foram vendidas nos EUA. Já em 2008, foi um aumento surpreendente, com mais de 11 milhões de netbooks comercializados. A expectativa para 2009 é ainda mais animadora. Segundo a contsultoria Gartner Group, devem ser vendidos 21 milhões de equipamentos do tipo este ano, num crescimento de quase 80% em relação ao ano passado. Que outro segmento cresce tanto, ainda mais em plena crise econômica?


Outra pesquisa, esta realizada pela ABI Research, é mais otimista e prevê que o mercado de netbooks deverá apresentar forte crescimento nos próximos anos - só em 2009, deverão ser comercializadas 35 milhões de unidades desses produtos. E até 2013 as vendas de netbooks deverão somar mais de 139 milhões de unidades.


No Brasil, no ano passado foram vendidos 150 mil de netbooks, segundo a IT Data, mas há que se considerar que só agora as grandes marcas internacionais começam a desovar aqui seus modelos. Não esquecendo que o maior sucesso do mercado nacional ainda é o Mobo, modelo da Positivo que ganhou novas roupagens. Hoje será lançado o Mobo 3G, em parceria com a Vivo. Já sai de fábrica com o chip embutido, facilitando a conexão às redes 3G, uma tendência de mercado.


De olho no segmento, marcas consagradas do ramo dos smartphones, como Apple e Nokia, já deram a entender que pretendem se aventurar no filão. Isso sem falar em Acer, Lenovo, Toshiba, Dell, Sony (que batizou o seu de Pocket PC), Samsung, LG, HP e outras marcas que já trabalham com PCs e que apostam na miniaturização do laptop. A briga vai ser boa.

Fonte: O Globo

Links:

Nenhum comentário:

Postar um comentário